08 fevereiro, 2025

Qualidade das aulas das Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

 Caro leitor(a),

Escrevo isso porque a minha cabeça não aguenta mais pensar sobre isso e o quanto isso me irrita e mexe muito comigo. Antes de tudo, eu quero dizer que o que eu escrevo abaixo são as minhas observações e reflexões. Talvez eu possa sair como problemático ou louco, pois é isso que eu sinto quando penso sobre as aulas no curso de Ciências Sociais.


São 2 anos e 2 meses que estou dentro dessa universidade e dentro desse curso. Assim que entrei nessa universidade, nas duas primeiras semanas de aula, me deu muita vontade de desistir do curso, pois eu não entendia muito bem o que os professores diziam. Eu me sentia a pessoa mais burra do mundo e sempre após o encerramento da aula eu voltava para casa dizendo que aquele espaço não era para mim. Partilhei dessa angústia e sensação com os meus amigos diversas vezes.


O curso de Ciências Sociais é composto por 3 departamentos: Sociologia, Antropologia e Ciência Política. Para quem é do bacharelado e para quem é de licenciatura, há um a mais que é o departamento/centro de Educação. Contudo, a formação maior entre os alunos tanto de bacharelado quanto de licenciatura é de Sociologia e Antropologia


Quando se analisa o corpo docente do departamento de Sociologia e vê que os professores permanentes são compostos de 20 professores, dos quais apenas 7 são mulheres e 13 são homens. Já o departamento de Antropologia é composto por 19 professores permanentes, dos quais apenas 7 são mulheres e 12 são homens. Fiz essa demonstração para tentar sustentar o que vou dizer ao decorrer desse texto e para que você pense sobre a desigualdade ou desproporcionalidade.


Por muito tempo fiquei pensando sobre o ensino e a qualidade das aulas dos professores que já tive ao decorrer desses 2 anos e 2 meses de curso. Destaco que não utilizei nenhum método científico para fazer análise sobre a qualidade das aulas do curso. Apenas estou compartilhando as minhas experiências, observações e as trocas que tenho com amigos e colegas do curso.


Estou passando por um processo de aborrecimento com professores do curso, principalmente os professores homens. Eu não consigo lidar com tanta má qualidade (estou usando essa expressão para não dizer o que realmente penso sobre, pois o que penso é motivo de retaliação e talvez um processo).


Sendo mais objetivo e direto, pois não quero que fique um texto longo, mas ocorre que os professores do curso vêm deixando o curso em uma situação muito complexa e que tento de todas as formas compreender, mas não consigo. Se você for analisar o currículo desses professores, vai perceber que não têm preparo nenhum para lecionar. São professores que não preparam as aulas, não têm didática, não se autoavaliam sobre si e sobre o seu ensino, não fazem avaliação do encerramento das cadeiras que ministram durante o período com os estudantes, métodos de avaliação não tão eficazes assim. O que me salva ainda dentro desse curso é o departamento de Educação. Fazer licenciatura é ter todo um preparo desde o momento pré-aula, durante a aula e o pós-aula. É estudar formas de avaliação, formas de didática, formas de se comportar, se preparar e lidar com os alunos.


Fazer licenciatura é vivenciar dois mundos bem distintos entre as Ciências Sociais e a Educação. É tão contraditório que chega a ser muito caricato, pois o que somos ensinados dentro do Centro de Educação e o que é vivenciado com as Ciências Sociais é algo de outro mundo. Fico me perguntando como pode a universidade me cobrar para ser um bom professor se os meus próprios professores são péssimos?


Eu, Maycon, ando muito desmotivado com as aulas. Eu saio de casa já pensando na hora de largar, pois fico pensando que vou sair de casa para mais um dia lidar com um professor que não se prepara para dar aula e vai para a universidade apenas para ficar enrolando até dar a hora. Eu não saio de casa para ficar ouvindo professor fingir que dá aula conversando não.


Fazendo outra comparação, mas não querendo defender, percebe-se que as mulheres dos departamentos se preparam para dar aula de uma forma tão eficiente. Percebo que o meu desempenho nas cadeiras onde são professoras mulheres que estão ministrando são maiores do que as dos professores homens. São cadeiras ministradas por mulheres que me incentivam a fazer as leituras dos textos, marcar presença em todas as aulas e participar das aulas. Tem cadeira de professores que eu não leio o texto devido à vontade tão grande do professor de dar aula que me deixam tão incentivado, sabe (contém ironia).


Ainda mais, percebe que o desempenho de produção dentro do curso caiu muito e tem diversos fatores que eu super entendo, tais como que majoritariamente os departamentos de sociologia e antropologia são compostos por pessoas que possuem mais de 50 anos e eu entendo que ao envelhecer a nossa produtividade vem diminuindo mais, mas eu não consigo aceitar que o mínimo não seja feito.


Desde que eu me entendo como gente, eu compreendo que só posso assumir responsabilidade se eu puder cumprir aquilo. Além disso, uma coisa que aprendi na universidade é que há pessoas que são boas pesquisadoras, outras escritoras e há pessoas que são boas lecionando. Contudo, no curso de Ciências Sociais da UFPE há mais pessoas que são boas como pesquisadoras, mas não enquanto docentes.


Lamentavelmente, isso prejudica muito os alunos, pois a formação que se tem acaba se tornando defasada. Uma crítica que eu tenho a esse consenso no ensino superior é de que apenas a pessoa tendo uma graduação, mestrado ou doutorado pode se tornar professor, mas sem nenhuma capacitação na área da educação. Como pode uma instituição de ensino ter uma prática dessas e exigir que saiam de lá bons alunos de licenciatura é muito contraditório.


Quando se observa o ensino entre os homens e as mulheres, percebe-se que professoras estão em um nível de preparação muito maior do que os homens, no sentido de que as mulheres se esforçam mais do que os homens, enquanto os mesmos fazem apenas o básico e olhe lá, e as mulheres são as pessoas mais atacadas pelos alunos. Até o momento, não presenciei alguma discussão com professor homem e aluno, mas com professora mulher e aluno foi diversas vezes.


Outro fato que chega a ser interessante e engraçado entre os alunos é que assim que começa um novo período, você vê aluno detonando professor e relatando suas experiências nas cadeiras com os professores. São trocas de informações feitas para evitar se matricular com docentes que não são tão legais. Tem cadeira que tem tudo para ser maravilhosa, mas quando se deparam com X e Y professores bate um desânimo tão grande. Eu mesmo faço isso e tento até dar a 2ª oportunidade ao professor, mas o arrependimento bate após e já estou ciente que minha formação vai ser atrasada, mas me recuso também a sair prejudicado e fazer o curso de qualquer jeito.


A cada momento que se passa nesse curso eu tenho mais vontade de me distanciar. Não me vejo dentro da pós-graduação nesses departamentos, pois não quero ter que lidar com certos professores. Acho que querer prosseguir nesse espaço é pedir para enlouquecer e adoecer de estresse. Sinto que a cada dia mais a UFPE não é um espaço em que eu me sinta confortável. Acho que estou ficando cansado, saturado e irritado com muitas coisas que acontecem dentro desse curso.


31 dezembro, 2024

Fim do ano 2024

Caro leitor(a),

Este será o último texto que escrevo este ano, pois estou cansado físico e mentalmente. Não quero nem pretendo fazer um texto enorme. Quero dizer que estou me reconhecendo como "textudo". Esse é um nome que meus amigos me deram por fazer textos na maioria dos meus stories ou em grupos de WhatsApp. Não sabia que era assim e só reconheci isso agora.

Não sei nem por onde começar a falar sobre este ano. Escrevo este texto às 00h54 de uma terça-feira de dezembro e não faço ideia de quando isso será postado, pois acho que não conseguirei terminar agora.

Este ano foi um dos mais significativos para mim em todos os aspectos da minha vida. Fiz coisas que pensei que não faria e me refiz em tantas coisas, sabe? Digo que estou orgulhoso do caminho que venho trilhando. Nunca pensei nem imaginei — e digo isso ao Maycon da adolescência — que o que vem acontecendo durante este tempo é algo sensacional. O Maycon da adolescência, se soubesse o que o Maycon adulto está fazendo, ficaria tão feliz. Ficar em dúvida e sem perspectivas é tão triste e desanimador. Em muitos momentos, pensei em desistir de tudo e jogar tudo para o alto, pois não via mais sentido em continuar. O ano de 2024 representa e afirma que fazem duas décadas que estou vivo. Estou feliz por mais um ano presente nesta terra, mas triste por saber que completei 20 anos (não queria, pois queria ficar na casa dos 18/19) para sempre.

Este ano passei por tantas coisas que me deixaram preocupado, ansioso, triste, desanimado, feliz e orgulhoso de mim mesmo, sabe? Sou muito grato por tudo o que fiz e venho fazendo. Nunca imaginei que iria chegar ao nível de pesquisador e ter essa titulação em tão pouco tempo de vida. Vivendo em uma loucura com duas faculdades, estágio e projetos de pesquisa. Feliz por ter forças e agradeço demais ao meu bom Deus e aos Orixás que me guiam, iluminam e me protegem.

Agradeço demais a todas as pessoas que passaram pela minha vida e por todos os ciclos iniciados e encerrados. Sempre tenho em mente que tudo na vida tem um começo, meio e fim. Esse é o ciclo da vida, e precisamos entender isso.

Quero destacar o quão maravilhosa minha carreira acadêmica e profissional vem decolando, em nível sensacional, em um curto período de tempo. Quem diria que eu iria apresentar dois trabalhos, fazer publicação e participar de tantos eventos como ouvinte, construindo tanto aprendizado?

Sou grato pelas amizades que estão comigo e que me fortalecem dia a dia. Muito bom ter vocês comigo, comemorando minhas alegrias e estando comigo na minha tristeza. Digo que viver isoladamente é impossível e precisamos e devemos fortalecer os vínculos da coletividade.

Encerro este mês de dezembro um pouco triste por não ter ganhado as eleições para o diretório acadêmico de ciências sociais, mas reconheço que faz parte da vida e que, se este não foi o momento, tudo bem. Ainda mais, declaro que estou muito cansado, mas de uma forma surreal. Quero apenas poder acordar e não ter nada para fazer, nenhuma cobrança, ninguém me pedindo nada. Quero ficar no ócio.

Que novas coisas possam vir e novos caminhos se abram. Desejo a todo leitor, descendente e a qualquer pessoa uma vida de muita luz e prosperidade.

08 outubro, 2024

Aristocracia: Duas cidades em comum, Recife e São Lourenço da Mata

      


      Após as eleições e a divulgação dos resultados, percebe-se que a política brasileira mantém seu caráter tradicional, especialmente nas cidades de Recife e São Lourenço da Mata. Em São Lourenço da Mata, o prefeito Vinícius Labanca foi reeleito com 88,39% dos votos, enquanto em Recife, João Campos foi reconduzido ao cargo com 78,11% dos votos. O que une as famílias Labanca e Campos é a longa tradição no cenário político e a filiação ao mesmo partido.

      Essas duas famílias já estão preparando a próxima geração para ocupar cargos políticos em breve. Em São Lourenço da Mata, o filho do atual prefeito, Vinícius Labanca, já começa a aparecer em eventos, conforme a imagem abaixo:



Crédito: Reprodução Instagram (@vinicius_labanca)

      Esse ato pode ter sido intencional ou não, mas é através de mecanismos como esse que se constrói uma identidade visual. Segue-se a lógica do ditado: "Quem não é visto, não é lembrado".     

      Além disso, Lucca Labanca, primo de Vinícius, assumirá o cargo de vice-prefeito a partir de janeiro. Ele foi escolhido com uma estratégia clara: em dois anos, nas eleições para presidente, governador, deputados e senadores, Vinícius deixará o cargo de prefeito para concorrer ao posto de deputado. Com isso, a gestão municipal passará para as mãos de seu primo, garantindo a continuidade do poder dentro da família e reforçando os laços de perpetuação política.

      No mesmo movimento de perpetuação familiar, surge Camila Albanez, prima de Vinícius Labanca, eleita vereadora e destacada como a segunda mais votada entre os parlamentares municipais. Recife segue um modelo semelhante de sucessão familiar na política. Além de João Campos como prefeito, seu irmão, Pedro Campos, exerce o cargo de deputado federal. Agora, durante o processo de reeleição, surge José Campos, filho de Eduardo Campos e irmão de João e Pedro, fazendo suas primeiras aparições em atos políticos do PSB no interior.

      Nada na política acontece sem significado, mesmo que simbólico. Assim como em São Lourenço da Mata, o prefeito de Recife, João Campos, também se prepara para deixar a prefeitura e concorrer ao cargo de governador em 2026. Com isso, o vice-prefeito eleito, Victor Marques, que tomará posse em janeiro de 2025, assumirá a gestão municipal.

      Diante desse cenário, é possível especular que a construção da imagem de José Campos está em andamento, com vistas a uma candidatura a deputado em 2026 ou, quem sabe, à prefeitura de Recife em 2028. Assim como em São Lourenço da Mata, onde o filho mais velho de Vinícius Labanca pode também estar sendo preparado para um futuro político.

      Portanto, além de questões de raça e renda, o que essas famílias compartilham é o capital social, político e econômico que lhes permite influenciar e moldar o cenário político e perpetuar na política e continuar sendo aristocrata.



Para entender mais esse cenário deixo os seguintes conteúdos:

- Santos, M. C. As razões do sucesso da “vibe” de João Campos - Marco Zero Conteúdo. Marco Zero Conteúdo Disponível em:. https://marcozero.org/as-razoes-do-sucesso-da-vibe-de-joao-campos/

- Tavares, V. (2024, October 6). João Campos reeleito no Recife: o segredo do jovem prefeito “tiktoker” que conquistou quase 80% dos votos. BBC. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c4glvjkd098o

-  YouTube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EaO61N4ffcc&ab_channel=AtilaIamarino>. 

- Campos, Coelho, Lyra, Urquiza, Ferreira, Tércio: cientista político alerta que lógica familiar coloca o Estado a serviço de interesses particulares; assista. Disponível em: https://www.brasildefatope.com.br/2024/09/26/campos-coelho-lyra-urquiza-ferreira-tercio-cientista-politico-alerta-que-logica-familiar-coloca-o-estado-a-servico-de-interesses-particulares-assista





29 julho, 2024

A desvalorização dos cursos de licenciaturas através dos cursinhos de pré-vestibular na lógica capitalista

      


      Na lógica capitalista, a desvalorização dos cursos de licenciatura é um fenômeno complexo que muitas vezes é exacerbado pela ênfase dada aos cursos de pré-vestibular, especialmente na preparação para cursos de maior prestígio social, como medicina e direito. Essa desvalorização é alimentada por diversos fatores, incluindo a pressão social e familiar para que os estudantes busquem profissões consideradas mais prestigiosas e lucrativas, bem como a percepção de que os cursos de licenciatura são menos importantes ou menos valorizados pela sociedade.

      Além disso, a desvalorização dos cursos de licenciatura também está ligada à forma como a educação é estruturada dentro da lógica capitalista. A educação é frequentemente vista como um produto a ser consumido, e os cursinhos pré-vestibulares são vistos como uma forma de investimento para garantir um retorno financeiro futuro, ao passo que os cursos de licenciatura são percebidos como menos rentáveis e menos promissores em termos de retorno financeiro.

      É importante ressaltar que o desejo de seguir carreira em medicina muitas vezes não é um sonho orgânico, surgido naturalmente do estudante, mas sim um sonho projetado e construído pelos responsáveis, pela sociedade e pela mídia. A medicina é frequentemente retratada como a profissão ideal, com alta remuneração, status social elevado e a capacidade de salvar vidas, o que contribui para a sua maior visibilidade e prestígio em comparação com outras profissões, como a docência.

      Essa valorização desproporcional de determinadas profissões em detrimento de outras contribui para a desvalorização dos cursos de licenciatura, que são fundamentais para a formação de professores capacitados e engajados. A falta de reconhecimento e valorização dos profissionais formados em licenciatura pode desestimular estudantes talentosos e comprometidos a seguir carreira no magistério, o que pode ter impactos negativos na qualidade da educação oferecida.

      Salienta-se que os cursos de tecnologia estão superando os cursos de medicina e direito como os mais concorridos e a Universidade Federal de Pernambuco já comprova isso, pois as três maiores notas de corte foram dos cursos de sistemas da informação (802,49), ciência da computação (801,38) e engenharia da computação (794,25).

      Logo, é necessário repensar a forma como a educação é valorizada e percebida na sociedade. Isso inclui reconhecer a importância dos cursos de licenciatura na formação de professores de qualidade e garantir que esses profissionais sejam devidamente valorizados e remunerados pelo seu trabalho.

17 julho, 2024

Da perfomance da área jurídica e o apagamento da personalidade humana



Caro leitor,  isso que escrevo acho que é mais uma carta aberta ou talvez um desabafo, entenda como quiser.

     Durante algum tempo, venho pensando sobre o meu papel dentro da carreira jurídica e, a cada dia que passa, sinto que essa área não me pertence. Sabe aquela sensação de que você está em um local que não é apropriado e que não condiz com sua realidade? Bom, é isso o que eu sinto.

     Ao olhar para o campo jurídico, refletir e questionar tantas coisas que ele produz e perpetua, ainda é o desejo de não querer estar perto. Sinto que essa área é um espaço que propaga a desigualdade, que não representa a população brasileira, um espaço de disputa de ego, individualidade e arrogância.

     Ao analisar essa área, sinto que ela molda o ser humano ou quem está nela; ou melhor, ela poda (no sentido de cortar mesmo), pois essa área não foi projetada para corpos iguais ao meu ou semelhantes. Esse podar está no sentido da forma que as pessoas se vestem (uma vestimenta de origem europeia que não condiz com o clima do Brasil), poda ainda na forma de falar (apagando as variações linguísticas de uma nação que teve influências de vários dialetos e exige uma linguagem que nem brasileira é, de forma erudita e rebuscada) e poda ainda na forma de se comportar (já que essa carreira foi projetada, elaborada ou criada - entenda como quiser - para um tipo de corpo específico, o padrão que a sociedade “normalizou” e que todos nós conhecemos, vulgo branco, cis e heteronormativo).

     Além disso, ela foi projetada para que os cargos de grande importância e relevância social para a sociedade brasileira fossem assumidos pelas dinastias de povos estrangeiros ou de famílias brasileiras que continuam com a prática do nepotismo e aristocracia.

     Além disso, a carreira de advocacia vem sofrendo com a precarização e exploração que o sistema capitalista vem impondo nos últimos tempos. Além da carreira profissional ou do trabalho, o ensino vem sendo sucateado no setor privado. Cabe destacar que o Brasil é o país com a maior quantidade de cursos jurídicos do mundo.

     Agora, quero fazer uma ressalva com base nos relatos que vivencio e troco com colegas de diversas áreas (cursos) das universidades públicas. O ensino de alguns cursos, como o de direito, sofre com um problema de solidariedade, empatia e falta de noção da realidade pelo corpo docente. Eu sei que, infelizmente, a nossa forma de aprendizagem está muito centrada ainda no modelo positivista, onde o professor fica na frente, as cadeiras enfileiradas e os alunos apenas escutam e concordam.

     O que ocorre é que, dentro das salas de aula, onde deveria ser um espaço de trocas, pois ao mesmo tempo que o professor ensina ele também aprende, conforme Paulo Freire fala no seu livro "Professora, sim; tia, não – Cartas a quem ousa ensinar", em muitos locais torna-se um espaço de opressão, traumatização e medo. O corpo docente jurídico, tanto de faculdades públicas quanto privadas, têm uma disputa de ego no sentido de ser o senhor e detentor do conhecimento, com os alunos e ficam brigando entre quem sabe mais.

     Fico me perguntando ainda o que dá a capacidade ao ser humano de ensinar ao outro se ele não tem preparo nenhum para lecionar e não compreende nada do que realmente é educação. Sou bem crítico da situação em que, no Brasil, a pessoa com mestrado, especialização ou doutorado está plenamente capacitada para exercer a docência. Claro, há exceções de professores que compreendem essa realidade, mas estou aqui escrevendo de forma geral, não vamos generalizar. 

     Dar aula não é simplesmente chegar em um local e apenas falar, mas é se preparar, organizar e executar a aula do jeito que estava programada. É ter um começo, meio e fim. E, para além disso, precisa-se fazer uma leitura dos corpos que estão ali. O mundo acadêmico tende a ser muito cruel com os discentes que tiveram um ensino básico afetado. 

     A academia tende a igualar a forma de interpretar e a compreensão dos alunos de forma igual, porém sabemos que, em determinados cursos, a trajetória de vida dos alunos é de formas distintas. Por mais que, no curso de Direito, nas universidades públicas, ainda se tenha uma composição majoritária de alunos que têm a mesma classe social e estrutura de ensino semelhantes, ainda tem aquela minoria que se faz presente, por mais que ela seja “excluída ou ocultada”. Ela está ocupando aquele espaço e não se pode fingir que ela não existe.

     Acho que por hoje foi isso e acredito que, em breve, haverá mais outro desabafo. Expresso o que estou sentindo no momento e gosto de compartilhar. Quero destacar que não escrevo para agradar alguém, pois não sou Jesus nem outra entidade religiosa para agradar alguém.



03 junho, 2024

Quem tem medo da greve?


     Antes de poder explorar a questão da greve nacional da educação que está ocorrendo tanto com os Técnicos Administrativos da Educação quanto com os professores, quero que leiam a seguinte frase do livro ABC do Socialismo, organizado por Bhaskar Sunkara, Aline Klein e Victor Marques, e reflitam.

“A luta de classe muda as ideias e os preconceitos das pessoas e forja novos laços de solidariedade na  classe. Lutas da classe trabalhadora tendem desempenhado um papel central na conquista de vários corpos oprimidos na luta contra um opressor comum”

     Desde o dia 11 de março, os Técnicos Administrativos da Educação (TAE’s) das universidades, institutos e colégios federais entraram em greve, e posteriormente, a partir do dia 15 de abril, os docentes também deflagraram greve, unindo-se aos TAE’s em prol de melhores condições de trabalho. No dia 11 de junho, os TAE’s completarão três meses de greve, e os professores completarão dois meses no dia 15 de junho. Cabe destacar que os TAE’s constituem uma das categorias com o pior piso e teto salarial do funcionalismo público federal.

     Durante este período, ocorreram negociações com o Governo Federal, especificamente com o Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), resultando em duas propostas para os docentes e técnicos. No entanto, nenhuma dessas propostas atendia aos interesses das duas categorias, pois não previam nenhum reajuste salarial para este ano, algo que ambas as categorias estão reivindicando durante esta greve.

     Ao longo deste período de greve, diversos mecanismos de desmobilização e encerramento da greve foram impostos a essas categorias pelo sistema capitalista e pelo Governo Federal. Esses mecanismos variam desde a circulação de pensamentos que questionam o motivo da greve, gerando conflitos internos entre as classes, até estratégias de negociação separadas para diminuir a força conjunta dessas duas categorias.

     Ao acompanhar toda essa situação, deparei-me com comentários chocantes entre alunos, professores e a sociedade em geral nas postagens das redes sociais dos sindicatos. Isso inclui xingamentos, desmoralização dos docentes, questionamento da produção de conhecimento e outras ofensas pesadas.

     Afirmar que essas propostas contemplam essas categorias é não ter noção da realidade e da importância dessas categorias para o desenvolvimento social, político e econômico do país. Dizer que o salário dos professores é suficiente é inadmissível. Como pode um(a) professor(a) com graduação, mestrado, doutorado ou pós-doutorado receber menos de 13 mil reais? Como podemos aceitar que um professor com duas graduações e pós-doutorado receba menos de 6 mil reais? Este é o caso de um docente com contrato temporário na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), como se pode verificar no portal da transparência.

     Cabe destacar a disparidade de conhecimento e salarial entre duas categorias do funcionalismo público: juízes necessitam apenas de uma graduação em Direito e três anos de prática jurídica, além de outros requisitos não tão exigentes, e têm piso salarial de 30 mil reais. No entanto, sabemos que um juiz frequentemente recebe muito mais que o piso, às vezes com remuneração dobrada, diferente de um professor que, para tentar se igualar ou se aproximar desse piso, deve dedicar muitos anos ao serviço público e envolver-se em diversas atividades além de suas atribuições básicas.

     Salienta-se que as três categorias (PF, PRF e PP) obtiveram um reajuste significativo este ano sem necessidade de greve, o que é bastante estranho, não é?

     Chega a ser paradoxal os discursos proferidos pelos progressistas e até mesmo pela esquerda sobre a educação ser a transformação de realidades, de pessoas e de um país, enquanto a cada ano a educação se torna mais precarizada e entregue ao setor privado. Isso inclui a retirada de recursos públicos que deveriam ser investidos na educação pública, mas estão sendo destinados ao setor privado.

     Isso foi comprovado na tese de doutorado de Fernanda Cosme da Costa, intitulada “FIES, PROUNI e PROIES (2003/2009): valorização do capital no ensino superior”, onde foi relatado que entre 2015-2023 o orçamento para o ensino superior público foi de 287 bilhões, comparado a 446 bilhões destinados ao ensino superior privado. A cada dia, a educação é mais atacada, seja pela precarização do trabalho dos professores, pelas péssimas condições de infraestrutura dos locais de trabalho ou pela falta de recursos para o funcionamento das instituições.

     Outra crítica que chega a ser extremamente ridícula é dizer que o momento agora não é adequado para a greve. Diante disso, eu questiono: existe algum momento adequado para deflagrar uma greve? Se esperarmos pelo momento ideal, ele nunca chegará.

     Além disso, outro ponto a ser questionado durante este momento de greve é o silêncio ensurdecedor dos progressistas e da esquerda brasileira. Até o momento, não vi pessoas de notória influência política juntarem-se à causa das categorias e exigirem do Governo Federal uma solução, nem vi cobertura na mídia nacional, controlada pela burguesia.

     Durante a época eleitoral, uma das estratégias do Presidente Lula foi afirmar que a educação seria prioridade, atraindo votos do campo acadêmico. Contudo, chega 2024, após um ano e seis meses de gestão, e a educação não está sendo priorizada, com professores e TAE’s indo a Brasília exigir condições mínimas para trabalhar. Se a educação fosse realmente prioridade, não teríamos greve neste momento, nem docentes e TAE’s em Brasília negociando. O discurso é retórico, mas a materialização não existe.

     A greve consiste em um movimento político onde uma determinada classe trabalhadora se une através de seu sindicato para reivindicar melhores condições de trabalho. Logo, a greve nacional da educação federal reflete e prova que a educação brasileira está em decadência, evidenciada pela precarização da mão de obra dos trabalhadores, das infraestruturas das universidades e pela falta de recursos para manutenção e funcionamento das instituições.

     Ao analisar e observar toda essa situação, parece-me que essas categorias que estão reivindicando melhores condições não são valorizadas pelo Estado. É colocar essas categorias contra a própria sociedade e dizer que o que estão fazendo é birra. É pegar toda a mão de obra, esforço e conhecimento produzido e jogá-los no lixo. A educação não é prioridade em nenhum momento, exceto na época eleitoral. É lamentável tudo isso que estamos passando e desejo força aos docentes e técnicos administrativos da educação.

07 março, 2024

Resenha do Livro O Perigo de Uma História Única



     O livro "O perigo de uma história única" é uma adaptação de uma palestra dada por Chimamanda Ngozi Adichie no TED Talk em 2009. Adichie, escritora negra, nigeriana e feminista, aborda em suas obras uma mistura de ficção e realidade, compartilhando reflexões significativas. Este é o 2° livro que leio dela, o 1° em 2021 e o 2° agora em 2024.

     A leitura desencadeou reflexões sobre como a construção da história permeia desde o ensino básico até o superior, destacando a importância de termos cuidado ao ouvir apenas uma narrativa.

Do direito:

     No momento em que estava lendo, comecei a refletir sobre a importância de nós, futuros juristas, sabermos e procurarmos sempre ouvir os dois lados da história. Por mais que, às vezes, um lado não seja nada agradável, temos que estar dispostos a conhecer o outro lado da moeda. Ao não termos esse cuidado, podemos nos prejudicar e coordenar alguém ou alguma situação por não termos ouvido ambas as perspectivas. 

Do social:

     A história contada nas escolas sempre é apenas vista de um lado - lado esse que conhecemos bem, do ponto de vista do ocidente. Em diversos momentos da história do mundo, pode-se perceber que há várias deturpações contadas desde o ensino básico ao ensino superior. O quanto isso apaga a história de um povo e sua cultura não está no gibi, e esse processo chamamos de epistemicídio. 

     Adichie traz uma fala que se torna atual até os dias de hoje, por mais que tenham se passado anos, "A história única cria estereótipos, e o problema com os estereótipos não é que sejam mentira, mas que são incompletos. Eles fazem com que uma história se torne a única história."

     Ao ler isso, lembrei-me de toda a fase do meu ensino básico, onde a história da África sempre foi contada de uma visão única. A África que eu conheci na escola foi retratada como uma região pobre, onde as pessoas passam fome e morrem diariamente. Ao entrar na faculdade, tive a oportunidade de adquirir conhecimento mais amplo e descobri que a África não se resume a isso; ela tem uma rica história, cultura, intelectuais e prosperidade financeira. Ao refletir sobre isso, surge a necessidade de questionar como a educação ainda está fortemente voltada para a visão do branco, europeu e do ocidente, e a importância de quebrar essa "hegemonia."

     Ao abordar o ensino superior, quero destacar que, infelizmente, em algumas áreas, há a perpetuação da história eurocêntrica.

    Adichie instiga a repensar a hegemonia na educação, destacando a necessidade de superar a visão eurocêntrica, especialmente em algumas áreas do ensino básico ao superior.

 Recomendo a leitura a todos, pois proporciona um conhecimento enriquecedor e questionador.

06 fevereiro, 2024

Raquel Lyra e Álvaro Porto: possível impeachment da governadora do estado de Pernambuco?

(Lucas Patrício, 2024)


Primeiramente, quero prestar toda minha solidariedade a Raquel Lyra, que, nesta semana, passou por uma violência política(machismo). Infelizmente, a politica brasileira ainda é predominantemente ocupada majoritariamente por homens que tende a proteger os seus semelhantes(homens) e realizarem a manutenção de poder. 

Por mais que eu discorde de diversos atos ou atitudes da governadora de Pernambuco(PE), é lamentável essa situação horrível que foi exposta pelo representante do poder legislativo estadual de PE. 

Atualmente, há uma disputa da Lei de Diretrizes Orçamentárias entre o poder legislativo estadual e o executivo. Em uma declaração(petição inicial) apresentada em 26/01 ao STF, a governadora teme que ocorra um processo de impeachment. Ao tentar analisar essa situação, o que me parece é algo muito semelhante ao processo que a ex-presidente Dilma Rousseff passou em 2016. Sabemos que Raquel não tem um bom diálogo com a base nem com o legislativo.

Desde que Raquel assumiu a gestão, os meus posicionamentos sempre foi que ela iria sofrer com os problemas de machismo e coisas relacionados sobre isso. Ao falar sobre política, a questão de gênero está muito presente. Durante esse período de gestão, Pernambuco está cada vez mais afundando em diversos problemas. Contudo, cabe destacar que esses problemas que ainda persistem não surgiram nesta gestão. São nada mais do que heranças que são passadas de 4 em 4 anos, e não há alguém que realmente tenha coragem de resolver esses impasses, apenas promessas em épocas de eleição.

O que me parece é que estrategias estão sendo elaboradas para destituir a atual governadora, e cabe destacar que houve um deputado em uma declaração que afirmou que isso poderia ser uma possibilidade. Logo, isso sustenta a minha hipótese. Se chegar a esse ponto, é lamentável novamente uma mulher ser retirada do poder por homens. 

Ao expressar tudo que foi mencionado acima, estou ciente do caos em que PE se encontra, mas estou analisando no sentido da violência de gênero que ocorre. Tudo que eu queria, no presente momento, era estar nos bastidores para acompanhar essa situação. 

01 janeiro, 2024

COMO TER CARTEIRA DE ESTUDANTE GRÁTIS

Estudantes que estão inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), têm entre 15 e 29 anos e possuem baixa renda têm direito a receber gratuitamente em casa a Carteira de Identificação Estudantil (CIE)

O que é carteira de estudante?
A Carteira de Identificação Estudantil (CIE), mais conhecida como carteirinha do estudante é um documento que garante diversos benefícios aos estudantes como por exemplo meia entrada em shows, cinemas e eventos. A fundamentação jurídica que garante esse benefício se encontra na lei Federal nº 12.933  em que define  direito à carteirinha de estudante e à meia entrada.

Requisitos:
- Ter entre 15-29 anos
- Ter renda mensal de até dois salários mínimos – o que, atualmente, equivale a R$3.036,00
- Ter Id Jovem

Como emitir o ID Jovem?
Para solicitar o Id Jovem, é necessário atender aos seguintes requisitos:
- Renda mensal familiar de até dois salários mínimos R$ 3.036,00
- Ter as informações cadastrais atualizadas nos últimos 24 meses e estar inscrito no Cadastro Único do Governo Federal
- Ter entre 15-29 anos


Como emitir a carteira de estudante?
1° passo - Realize a solicitação da carteira de estudante no site abaixo, preenchendo todas as informações necessárias e anexando documentos como identificação (RG, CNH, RNE ou passaporte), foto (estilo 3x4) e comprovante de vínculo (declaração da instituição de ensino ou boleto da mensalidade emitido em 2025)

2° passo - No momento do pagamento, escolha o método de pagamento por boleto, mas não efetue o pagamento.

3° passo - Após isso, vai aparecer o número de solicitação e com isso você vai anotar 

4° passo - Envie um e-mail para: sae@documentodoestudante.com.br com o titulo: Isenção Carteira de Estudante e na mensagem escreva Solicito a isenção da taxa da carteira de estudante e informe o número da solicitação da sua carteira conforme abaixo e anexe o Id jovem e o Documento com foto.

5° passo - Após o envio do e-mail você receberá dois e-mails do DNE, um será informando o número do seu pedido e dizendo que o seu pedido está sendo analisado pela equipe e outro será com algumas informações sobre solicitação da carteira e caso você tenha anexado os seus documento no site do DNE eles pediram que você responda o e-mail com o Id Jovem e RG para validação do pedido.
OBS: esse segundo e-mail não é obrigatório chegar não

6° passo - Aguarde um retorno do DNE. Após a validação do pedido, acesse o site, altere o método de pagamento para mostrar o valor do pedido como R$ 0,00. Complete o pedido anexando a foto, documento de identificação e comprovante de vínculo, caso não tenha anexado inicialmente. Após esse procedimento, conclua o pedido e aguarde a entrega da carteira de estudante em sua residência.

04 dezembro, 2023

Resenha do livro Eu Odeio os Homens: Um desabafo de Pauline Harmange


O livro "Eu Odeio os Homens: Um desabafo", escrito pela autora Pauline Harmange e ativista feminista, publicado no ano de 2021 no Brasil. É uma obra provocativa e polêmica que destaca uma perspectiva singular sobre as relações de gênero. A autora aborda temas sensíveis à feminilidade, poder e desigualdade, apresentando uma visão crítica sobre o papel histórico e contemporâneo dos homens na sociedade.

Antes de tudo, é bom informar que esse livro incomodou tanto aos homens que tanto a autora como a editora foram acusadas de incitar ódio contra homens por um assessor do Ministério de Igualdade de Gênero da França que ameaçou de mover uma ação criminal e solicitou que removesse os livros da comercialização. 


Pauline Harmange inicia o livro com um desabafo franco, mergulhando nas complexidades das dinâmicas do gênero. A autora não tem medo de expressar sua raiva e frustração, oferecendo uma abordagem visceral que desafia as normas convencionais. Sua linguagem é direta e, por vezes, provocativa, convidando os leitores a refletirem sobre as estruturas de poder existentes.


O livro conta com 9 capítulos curtos, e possivelmente, em 5 horas de leitura ou menos, o leitor consegue terminá-lo. A introdução começa com a autora explicando o motivo da escrita do livro e como ela se sente em relação aos homens, destacando a horrível natureza do patriarcado.


Posteriormente, a autora desenvolve o conceito de misandria, algo que eu não tinha a mínima ideia do que era, mas foi interessante descobrir e entender a perspectiva da autora. Misandria, em resumo, refere-se à raiva das mulheres contra os homens, ao contrário do conceito machista. Paula ainda discute como alguns homens afirmam ser feministas, mas não desconstroem ou renunciam aos seus privilégios, utilizando isso para se aproveitarem das mulheres, algo que conhecemos  como "ESQUERDO MACHO".


Uma das coisas que mais me chamaram atenção neste livro é que, após a autora iniciar seu desabafo, ela explica a situação de seu relacionamento com o marido, contextualizando o seu modo de vida para evitar ser chamada de hipócrita. Isso é fantástico, pois quem tiver mente aberta entenderá a autora.


Um capítulo muito interessante e que foi fundamental para a construção do meu conhecimento sobre o feminismo e como as mulheres se sentem diante desse movimento é "Deixe a raiva das mulheres rugir". Este capítulo aborda as emoções das mulheres e sua situação de vulnerabilidade em relação aos homens, assim como a percepção da sociedade sobre isso. Acho que esse trecho pode exemplificar melhor esse entendimento da sociedade e de como ela molda os homens:

“A raiva dos homens é espetacular. Ela se manifesta às vezes em gritos, e em pancadas contra objetos materiais, na maior parte dos casos - mas nem sempre,as inúmeras mulheres que apanharam do marido são testemunhas. Em suma, a raiva dos homens é repleta de agressividade. Estimulamos os rapazes a sentir raiva - é sempre melhor que chorar como uma garotinha -  e revidar.”


Além disso, há outro capítulo maravilhoso, que é 'Médiocre como um homem', o qual explica como nossas atitudes enquanto homens são bem vistas na sociedade. Por mais que façamos o mínimo, e às vezes nem isso, temos um prestígio diante da sociedade. Não temos a mesma cobrança que uma mulher tem; não somos questionados ou descredibilizados da mesma forma que as mulheres. É impressionante como a sociedade considera algo surreal quando um homem realiza tarefas domésticas ou vai buscar o filho na escola, enquanto as mulheres desempenham essas atividades todos os dias, sem receber o mesmo reconhecimento que os homens.


Esse capítulo me fez refletir sobre minhas atitudes e mudá-las, pois não adianta eu pregar algo e não fazer. O quão hipócrita eu seria.


Ao longo da narrativa, a autora explora várias facetas das relações entre homens e mulheres, desconstruindo estereótipos e questionando normas condicionais. Suas análises são fundamentadas em sua perspectiva pessoal, mas também incorporam ideias feministas mais amplas, provocando uma reflexão profunda sobre o feminismo..


A força do livro reside na capacidade de mexer  com o leitor ao ponto de  confrontar suas próprias opiniões e preconceitos. No entanto, é importante observar que algumas partes do livro podem ser consideradas extremas para alguns leitores, o que pode gerar reações variadas.


Portanto, a obra “Eu Odeio os Homens: Um desabafo” é uma leitura que incita o debate e desafia as convenções sociais. A autora não busca consenso, mas sim provoca reflexões sobre as estruturas de poder que moldam as relações de gênero. Este livro é uma obra intensa e provocativa que certamente deixará os leitores reflexivos. Essa é uma obra que entrou para os melhores livros lidos no ano de 2023 e favoritos. 5/5


Entre ser e não ser: Homem com H

  Caro leitor(a),       Faz bastante tempo que não escrevo, devido à correria e ao cansaço que venho sentindo ultimamente.No relato de hoje,...