29 julho, 2024

A desvalorização dos cursos de licenciaturas através dos cursinhos de pré-vestibular na lógica capitalista

      


      Na lógica capitalista, a desvalorização dos cursos de licenciatura é um fenômeno complexo que muitas vezes é exacerbado pela ênfase dada aos cursos de pré-vestibular, especialmente na preparação para cursos de maior prestígio social, como medicina e direito. Essa desvalorização é alimentada por diversos fatores, incluindo a pressão social e familiar para que os estudantes busquem profissões consideradas mais prestigiosas e lucrativas, bem como a percepção de que os cursos de licenciatura são menos importantes ou menos valorizados pela sociedade.

      Além disso, a desvalorização dos cursos de licenciatura também está ligada à forma como a educação é estruturada dentro da lógica capitalista. A educação é frequentemente vista como um produto a ser consumido, e os cursinhos pré-vestibulares são vistos como uma forma de investimento para garantir um retorno financeiro futuro, ao passo que os cursos de licenciatura são percebidos como menos rentáveis e menos promissores em termos de retorno financeiro.

      É importante ressaltar que o desejo de seguir carreira em medicina muitas vezes não é um sonho orgânico, surgido naturalmente do estudante, mas sim um sonho projetado e construído pelos responsáveis, pela sociedade e pela mídia. A medicina é frequentemente retratada como a profissão ideal, com alta remuneração, status social elevado e a capacidade de salvar vidas, o que contribui para a sua maior visibilidade e prestígio em comparação com outras profissões, como a docência.

      Essa valorização desproporcional de determinadas profissões em detrimento de outras contribui para a desvalorização dos cursos de licenciatura, que são fundamentais para a formação de professores capacitados e engajados. A falta de reconhecimento e valorização dos profissionais formados em licenciatura pode desestimular estudantes talentosos e comprometidos a seguir carreira no magistério, o que pode ter impactos negativos na qualidade da educação oferecida.

      Salienta-se que os cursos de tecnologia estão superando os cursos de medicina e direito como os mais concorridos e a Universidade Federal de Pernambuco já comprova isso, pois as três maiores notas de corte foram dos cursos de sistemas da informação (802,49), ciência da computação (801,38) e engenharia da computação (794,25).

      Logo, é necessário repensar a forma como a educação é valorizada e percebida na sociedade. Isso inclui reconhecer a importância dos cursos de licenciatura na formação de professores de qualidade e garantir que esses profissionais sejam devidamente valorizados e remunerados pelo seu trabalho.

17 julho, 2024

Da perfomance da área jurídica e o apagamento da personalidade humana



Caro leitor,  isso que escrevo acho que é mais uma carta aberta ou talvez um desabafo, entenda como quiser.

     Durante algum tempo, venho pensando sobre o meu papel dentro da carreira jurídica e, a cada dia que passa, sinto que essa área não me pertence. Sabe aquela sensação de que você está em um local que não é apropriado e que não condiz com sua realidade? Bom, é isso o que eu sinto.

     Ao olhar para o campo jurídico, refletir e questionar tantas coisas que ele produz e perpetua, ainda é o desejo de não querer estar perto. Sinto que essa área é um espaço que propaga a desigualdade, que não representa a população brasileira, um espaço de disputa de ego, individualidade e arrogância.

     Ao analisar essa área, sinto que ela molda o ser humano ou quem está nela; ou melhor, ela poda (no sentido de cortar mesmo), pois essa área não foi projetada para corpos iguais ao meu ou semelhantes. Esse podar está no sentido da forma que as pessoas se vestem (uma vestimenta de origem europeia que não condiz com o clima do Brasil), poda ainda na forma de falar (apagando as variações linguísticas de uma nação que teve influências de vários dialetos e exige uma linguagem que nem brasileira é, de forma erudita e rebuscada) e poda ainda na forma de se comportar (já que essa carreira foi projetada, elaborada ou criada - entenda como quiser - para um tipo de corpo específico, o padrão que a sociedade “normalizou” e que todos nós conhecemos, vulgo branco, cis e heteronormativo).

     Além disso, ela foi projetada para que os cargos de grande importância e relevância social para a sociedade brasileira fossem assumidos pelas dinastias de povos estrangeiros ou de famílias brasileiras que continuam com a prática do nepotismo e aristocracia.

     Além disso, a carreira de advocacia vem sofrendo com a precarização e exploração que o sistema capitalista vem impondo nos últimos tempos. Além da carreira profissional ou do trabalho, o ensino vem sendo sucateado no setor privado. Cabe destacar que o Brasil é o país com a maior quantidade de cursos jurídicos do mundo.

     Agora, quero fazer uma ressalva com base nos relatos que vivencio e troco com colegas de diversas áreas (cursos) das universidades públicas. O ensino de alguns cursos, como o de direito, sofre com um problema de solidariedade, empatia e falta de noção da realidade pelo corpo docente. Eu sei que, infelizmente, a nossa forma de aprendizagem está muito centrada ainda no modelo positivista, onde o professor fica na frente, as cadeiras enfileiradas e os alunos apenas escutam e concordam.

     O que ocorre é que, dentro das salas de aula, onde deveria ser um espaço de trocas, pois ao mesmo tempo que o professor ensina ele também aprende, conforme Paulo Freire fala no seu livro "Professora, sim; tia, não – Cartas a quem ousa ensinar", em muitos locais torna-se um espaço de opressão, traumatização e medo. O corpo docente jurídico, tanto de faculdades públicas quanto privadas, têm uma disputa de ego no sentido de ser o senhor e detentor do conhecimento, com os alunos e ficam brigando entre quem sabe mais.

     Fico me perguntando ainda o que dá a capacidade ao ser humano de ensinar ao outro se ele não tem preparo nenhum para lecionar e não compreende nada do que realmente é educação. Sou bem crítico da situação em que, no Brasil, a pessoa com mestrado, especialização ou doutorado está plenamente capacitada para exercer a docência. Claro, há exceções de professores que compreendem essa realidade, mas estou aqui escrevendo de forma geral, não vamos generalizar. 

     Dar aula não é simplesmente chegar em um local e apenas falar, mas é se preparar, organizar e executar a aula do jeito que estava programada. É ter um começo, meio e fim. E, para além disso, precisa-se fazer uma leitura dos corpos que estão ali. O mundo acadêmico tende a ser muito cruel com os discentes que tiveram um ensino básico afetado. 

     A academia tende a igualar a forma de interpretar e a compreensão dos alunos de forma igual, porém sabemos que, em determinados cursos, a trajetória de vida dos alunos é de formas distintas. Por mais que, no curso de Direito, nas universidades públicas, ainda se tenha uma composição majoritária de alunos que têm a mesma classe social e estrutura de ensino semelhantes, ainda tem aquela minoria que se faz presente, por mais que ela seja “excluída ou ocultada”. Ela está ocupando aquele espaço e não se pode fingir que ela não existe.

     Acho que por hoje foi isso e acredito que, em breve, haverá mais outro desabafo. Expresso o que estou sentindo no momento e gosto de compartilhar. Quero destacar que não escrevo para agradar alguém, pois não sou Jesus nem outra entidade religiosa para agradar alguém.



03 junho, 2024

Quem tem medo da greve?


     Antes de poder explorar a questão da greve nacional da educação que está ocorrendo tanto com os Técnicos Administrativos da Educação quanto com os professores, quero que leiam a seguinte frase do livro ABC do Socialismo, organizado por Bhaskar Sunkara, Aline Klein e Victor Marques, e reflitam.

“A luta de classe muda as ideias e os preconceitos das pessoas e forja novos laços de solidariedade na  classe. Lutas da classe trabalhadora tendem desempenhado um papel central na conquista de vários corpos oprimidos na luta contra um opressor comum”

     Desde o dia 11 de março, os Técnicos Administrativos da Educação (TAE’s) das universidades, institutos e colégios federais entraram em greve, e posteriormente, a partir do dia 15 de abril, os docentes também deflagraram greve, unindo-se aos TAE’s em prol de melhores condições de trabalho. No dia 11 de junho, os TAE’s completarão três meses de greve, e os professores completarão dois meses no dia 15 de junho. Cabe destacar que os TAE’s constituem uma das categorias com o pior piso e teto salarial do funcionalismo público federal.

     Durante este período, ocorreram negociações com o Governo Federal, especificamente com o Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), resultando em duas propostas para os docentes e técnicos. No entanto, nenhuma dessas propostas atendia aos interesses das duas categorias, pois não previam nenhum reajuste salarial para este ano, algo que ambas as categorias estão reivindicando durante esta greve.

     Ao longo deste período de greve, diversos mecanismos de desmobilização e encerramento da greve foram impostos a essas categorias pelo sistema capitalista e pelo Governo Federal. Esses mecanismos variam desde a circulação de pensamentos que questionam o motivo da greve, gerando conflitos internos entre as classes, até estratégias de negociação separadas para diminuir a força conjunta dessas duas categorias.

     Ao acompanhar toda essa situação, deparei-me com comentários chocantes entre alunos, professores e a sociedade em geral nas postagens das redes sociais dos sindicatos. Isso inclui xingamentos, desmoralização dos docentes, questionamento da produção de conhecimento e outras ofensas pesadas.

     Afirmar que essas propostas contemplam essas categorias é não ter noção da realidade e da importância dessas categorias para o desenvolvimento social, político e econômico do país. Dizer que o salário dos professores é suficiente é inadmissível. Como pode um(a) professor(a) com graduação, mestrado, doutorado ou pós-doutorado receber menos de 13 mil reais? Como podemos aceitar que um professor com duas graduações e pós-doutorado receba menos de 6 mil reais? Este é o caso de um docente com contrato temporário na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), como se pode verificar no portal da transparência.

     Cabe destacar a disparidade de conhecimento e salarial entre duas categorias do funcionalismo público: juízes necessitam apenas de uma graduação em Direito e três anos de prática jurídica, além de outros requisitos não tão exigentes, e têm piso salarial de 30 mil reais. No entanto, sabemos que um juiz frequentemente recebe muito mais que o piso, às vezes com remuneração dobrada, diferente de um professor que, para tentar se igualar ou se aproximar desse piso, deve dedicar muitos anos ao serviço público e envolver-se em diversas atividades além de suas atribuições básicas.

     Salienta-se que as três categorias (PF, PRF e PP) obtiveram um reajuste significativo este ano sem necessidade de greve, o que é bastante estranho, não é?

     Chega a ser paradoxal os discursos proferidos pelos progressistas e até mesmo pela esquerda sobre a educação ser a transformação de realidades, de pessoas e de um país, enquanto a cada ano a educação se torna mais precarizada e entregue ao setor privado. Isso inclui a retirada de recursos públicos que deveriam ser investidos na educação pública, mas estão sendo destinados ao setor privado.

     Isso foi comprovado na tese de doutorado de Fernanda Cosme da Costa, intitulada “FIES, PROUNI e PROIES (2003/2009): valorização do capital no ensino superior”, onde foi relatado que entre 2015-2023 o orçamento para o ensino superior público foi de 287 bilhões, comparado a 446 bilhões destinados ao ensino superior privado. A cada dia, a educação é mais atacada, seja pela precarização do trabalho dos professores, pelas péssimas condições de infraestrutura dos locais de trabalho ou pela falta de recursos para o funcionamento das instituições.

     Outra crítica que chega a ser extremamente ridícula é dizer que o momento agora não é adequado para a greve. Diante disso, eu questiono: existe algum momento adequado para deflagrar uma greve? Se esperarmos pelo momento ideal, ele nunca chegará.

     Além disso, outro ponto a ser questionado durante este momento de greve é o silêncio ensurdecedor dos progressistas e da esquerda brasileira. Até o momento, não vi pessoas de notória influência política juntarem-se à causa das categorias e exigirem do Governo Federal uma solução, nem vi cobertura na mídia nacional, controlada pela burguesia.

     Durante a época eleitoral, uma das estratégias do Presidente Lula foi afirmar que a educação seria prioridade, atraindo votos do campo acadêmico. Contudo, chega 2024, após um ano e seis meses de gestão, e a educação não está sendo priorizada, com professores e TAE’s indo a Brasília exigir condições mínimas para trabalhar. Se a educação fosse realmente prioridade, não teríamos greve neste momento, nem docentes e TAE’s em Brasília negociando. O discurso é retórico, mas a materialização não existe.

     A greve consiste em um movimento político onde uma determinada classe trabalhadora se une através de seu sindicato para reivindicar melhores condições de trabalho. Logo, a greve nacional da educação federal reflete e prova que a educação brasileira está em decadência, evidenciada pela precarização da mão de obra dos trabalhadores, das infraestruturas das universidades e pela falta de recursos para manutenção e funcionamento das instituições.

     Ao analisar e observar toda essa situação, parece-me que essas categorias que estão reivindicando melhores condições não são valorizadas pelo Estado. É colocar essas categorias contra a própria sociedade e dizer que o que estão fazendo é birra. É pegar toda a mão de obra, esforço e conhecimento produzido e jogá-los no lixo. A educação não é prioridade em nenhum momento, exceto na época eleitoral. É lamentável tudo isso que estamos passando e desejo força aos docentes e técnicos administrativos da educação.

07 março, 2024

Resenha do Livro O Perigo de Uma História Única



     O livro "O perigo de uma história única" é uma adaptação de uma palestra dada por Chimamanda Ngozi Adichie no TED Talk em 2009. Adichie, escritora negra, nigeriana e feminista, aborda em suas obras uma mistura de ficção e realidade, compartilhando reflexões significativas. Este é o 2° livro que leio dela, o 1° em 2021 e o 2° agora em 2024.

     A leitura desencadeou reflexões sobre como a construção da história permeia desde o ensino básico até o superior, destacando a importância de termos cuidado ao ouvir apenas uma narrativa.

Do direito:

     No momento em que estava lendo, comecei a refletir sobre a importância de nós, futuros juristas, sabermos e procurarmos sempre ouvir os dois lados da história. Por mais que, às vezes, um lado não seja nada agradável, temos que estar dispostos a conhecer o outro lado da moeda. Ao não termos esse cuidado, podemos nos prejudicar e coordenar alguém ou alguma situação por não termos ouvido ambas as perspectivas. 

Do social:

     A história contada nas escolas sempre é apenas vista de um lado - lado esse que conhecemos bem, do ponto de vista do ocidente. Em diversos momentos da história do mundo, pode-se perceber que há várias deturpações contadas desde o ensino básico ao ensino superior. O quanto isso apaga a história de um povo e sua cultura não está no gibi, e esse processo chamamos de epistemicídio. 

     Adichie traz uma fala que se torna atual até os dias de hoje, por mais que tenham se passado anos, "A história única cria estereótipos, e o problema com os estereótipos não é que sejam mentira, mas que são incompletos. Eles fazem com que uma história se torne a única história."

     Ao ler isso, lembrei-me de toda a fase do meu ensino básico, onde a história da África sempre foi contada de uma visão única. A África que eu conheci na escola foi retratada como uma região pobre, onde as pessoas passam fome e morrem diariamente. Ao entrar na faculdade, tive a oportunidade de adquirir conhecimento mais amplo e descobri que a África não se resume a isso; ela tem uma rica história, cultura, intelectuais e prosperidade financeira. Ao refletir sobre isso, surge a necessidade de questionar como a educação ainda está fortemente voltada para a visão do branco, europeu e do ocidente, e a importância de quebrar essa "hegemonia."

     Ao abordar o ensino superior, quero destacar que, infelizmente, em algumas áreas, há a perpetuação da história eurocêntrica.

    Adichie instiga a repensar a hegemonia na educação, destacando a necessidade de superar a visão eurocêntrica, especialmente em algumas áreas do ensino básico ao superior.

 Recomendo a leitura a todos, pois proporciona um conhecimento enriquecedor e questionador.

06 fevereiro, 2024

Raquel Lyra e Álvaro Porto: possível impeachment da governadora do estado de Pernambuco?

(Lucas Patrício, 2024)


Primeiramente, quero prestar toda minha solidariedade a Raquel Lyra, que, nesta semana, passou por uma violência política(machismo). Infelizmente, a politica brasileira ainda é predominantemente ocupada majoritariamente por homens que tende a proteger os seus semelhantes(homens) e realizarem a manutenção de poder. 

Por mais que eu discorde de diversos atos ou atitudes da governadora de Pernambuco(PE), é lamentável essa situação horrível que foi exposta pelo representante do poder legislativo estadual de PE. 

Atualmente, há uma disputa da Lei de Diretrizes Orçamentárias entre o poder legislativo estadual e o executivo. Em uma declaração(petição inicial) apresentada em 26/01 ao STF, a governadora teme que ocorra um processo de impeachment. Ao tentar analisar essa situação, o que me parece é algo muito semelhante ao processo que a ex-presidente Dilma Rousseff passou em 2016. Sabemos que Raquel não tem um bom diálogo com a base nem com o legislativo.

Desde que Raquel assumiu a gestão, os meus posicionamentos sempre foi que ela iria sofrer com os problemas de machismo e coisas relacionados sobre isso. Ao falar sobre política, a questão de gênero está muito presente. Durante esse período de gestão, Pernambuco está cada vez mais afundando em diversos problemas. Contudo, cabe destacar que esses problemas que ainda persistem não surgiram nesta gestão. São nada mais do que heranças que são passadas de 4 em 4 anos, e não há alguém que realmente tenha coragem de resolver esses impasses, apenas promessas em épocas de eleição.

O que me parece é que estrategias estão sendo elaboradas para destituir a atual governadora, e cabe destacar que houve um deputado em uma declaração que afirmou que isso poderia ser uma possibilidade. Logo, isso sustenta a minha hipótese. Se chegar a esse ponto, é lamentável novamente uma mulher ser retirada do poder por homens. 

Ao expressar tudo que foi mencionado acima, estou ciente do caos em que PE se encontra, mas estou analisando no sentido da violência de gênero que ocorre. Tudo que eu queria, no presente momento, era estar nos bastidores para acompanhar essa situação. 

01 janeiro, 2024

COMO TER CARTEIRA DE ESTUDANTE GRÁTIS

Estudantes que estão inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), têm entre 15 e 29 anos e possuem baixa renda têm direito a receber gratuitamente em casa a Carteira de Identificação Estudantil (CIE)

O que é carteira de estudante?
A Carteira de Identificação Estudantil (CIE), mais conhecida como carteirinha do estudante é um documento que garante diversos benefícios aos estudantes como por exemplo meia entrada em shows, cinemas e eventos. A fundamentação jurídica que garante esse benefício se encontra na lei Federal nº 12.933  em que define  direito à carteirinha de estudante e à meia entrada.

Requisitos:
- Ter entre 15-29 anos
- Ter renda mensal de até dois salários mínimos – o que, atualmente, equivale a R$3.036,00
- Ter Id Jovem

Como emitir o ID Jovem?
Para solicitar o Id Jovem, é necessário atender aos seguintes requisitos:
- Renda mensal familiar de até dois salários mínimos R$ 3.036,00
- Ter as informações cadastrais atualizadas nos últimos 24 meses e estar inscrito no Cadastro Único do Governo Federal
- Ter entre 15-29 anos


Como emitir a carteira de estudante?
1° passo - Realize a solicitação da carteira de estudante no site abaixo, preenchendo todas as informações necessárias e anexando documentos como identificação (RG, CNH, RNE ou passaporte), foto (estilo 3x4) e comprovante de vínculo (declaração da instituição de ensino ou boleto da mensalidade emitido em 2025)

2° passo - No momento do pagamento, escolha o método de pagamento por boleto, mas não efetue o pagamento.

3° passo - Após isso, vai aparecer o número de solicitação e com isso você vai anotar 

4° passo - Envie um e-mail para: sae@documentodoestudante.com.br com o titulo: Isenção Carteira de Estudante e na mensagem escreva Solicito a isenção da taxa da carteira de estudante e informe o número da solicitação da sua carteira conforme abaixo e anexe o Id jovem e o Documento com foto.

5° passo - Após o envio do e-mail você receberá dois e-mails do DNE, um será informando o número do seu pedido e dizendo que o seu pedido está sendo analisado pela equipe e outro será com algumas informações sobre solicitação da carteira e caso você tenha anexado os seus documento no site do DNE eles pediram que você responda o e-mail com o Id Jovem e RG para validação do pedido.
OBS: esse segundo e-mail não é obrigatório chegar não

6° passo - Aguarde um retorno do DNE. Após a validação do pedido, acesse o site, altere o método de pagamento para mostrar o valor do pedido como R$ 0,00. Complete o pedido anexando a foto, documento de identificação e comprovante de vínculo, caso não tenha anexado inicialmente. Após esse procedimento, conclua o pedido e aguarde a entrega da carteira de estudante em sua residência.

04 dezembro, 2023

Resenha do livro Eu Odeio os Homens: Um desabafo de Pauline Harmange


O livro "Eu Odeio os Homens: Um desabafo", escrito pela autora Pauline Harmange e ativista feminista, publicado no ano de 2021 no Brasil. É uma obra provocativa e polêmica que destaca uma perspectiva singular sobre as relações de gênero. A autora aborda temas sensíveis à feminilidade, poder e desigualdade, apresentando uma visão crítica sobre o papel histórico e contemporâneo dos homens na sociedade.

Antes de tudo, é bom informar que esse livro incomodou tanto aos homens que tanto a autora como a editora foram acusadas de incitar ódio contra homens por um assessor do Ministério de Igualdade de Gênero da França que ameaçou de mover uma ação criminal e solicitou que removesse os livros da comercialização. 


Pauline Harmange inicia o livro com um desabafo franco, mergulhando nas complexidades das dinâmicas do gênero. A autora não tem medo de expressar sua raiva e frustração, oferecendo uma abordagem visceral que desafia as normas convencionais. Sua linguagem é direta e, por vezes, provocativa, convidando os leitores a refletirem sobre as estruturas de poder existentes.


O livro conta com 9 capítulos curtos, e possivelmente, em 5 horas de leitura ou menos, o leitor consegue terminá-lo. A introdução começa com a autora explicando o motivo da escrita do livro e como ela se sente em relação aos homens, destacando a horrível natureza do patriarcado.


Posteriormente, a autora desenvolve o conceito de misandria, algo que eu não tinha a mínima ideia do que era, mas foi interessante descobrir e entender a perspectiva da autora. Misandria, em resumo, refere-se à raiva das mulheres contra os homens, ao contrário do conceito machista. Paula ainda discute como alguns homens afirmam ser feministas, mas não desconstroem ou renunciam aos seus privilégios, utilizando isso para se aproveitarem das mulheres, algo que conhecemos  como "ESQUERDO MACHO".


Uma das coisas que mais me chamaram atenção neste livro é que, após a autora iniciar seu desabafo, ela explica a situação de seu relacionamento com o marido, contextualizando o seu modo de vida para evitar ser chamada de hipócrita. Isso é fantástico, pois quem tiver mente aberta entenderá a autora.


Um capítulo muito interessante e que foi fundamental para a construção do meu conhecimento sobre o feminismo e como as mulheres se sentem diante desse movimento é "Deixe a raiva das mulheres rugir". Este capítulo aborda as emoções das mulheres e sua situação de vulnerabilidade em relação aos homens, assim como a percepção da sociedade sobre isso. Acho que esse trecho pode exemplificar melhor esse entendimento da sociedade e de como ela molda os homens:

“A raiva dos homens é espetacular. Ela se manifesta às vezes em gritos, e em pancadas contra objetos materiais, na maior parte dos casos - mas nem sempre,as inúmeras mulheres que apanharam do marido são testemunhas. Em suma, a raiva dos homens é repleta de agressividade. Estimulamos os rapazes a sentir raiva - é sempre melhor que chorar como uma garotinha -  e revidar.”


Além disso, há outro capítulo maravilhoso, que é 'Médiocre como um homem', o qual explica como nossas atitudes enquanto homens são bem vistas na sociedade. Por mais que façamos o mínimo, e às vezes nem isso, temos um prestígio diante da sociedade. Não temos a mesma cobrança que uma mulher tem; não somos questionados ou descredibilizados da mesma forma que as mulheres. É impressionante como a sociedade considera algo surreal quando um homem realiza tarefas domésticas ou vai buscar o filho na escola, enquanto as mulheres desempenham essas atividades todos os dias, sem receber o mesmo reconhecimento que os homens.


Esse capítulo me fez refletir sobre minhas atitudes e mudá-las, pois não adianta eu pregar algo e não fazer. O quão hipócrita eu seria.


Ao longo da narrativa, a autora explora várias facetas das relações entre homens e mulheres, desconstruindo estereótipos e questionando normas condicionais. Suas análises são fundamentadas em sua perspectiva pessoal, mas também incorporam ideias feministas mais amplas, provocando uma reflexão profunda sobre o feminismo..


A força do livro reside na capacidade de mexer  com o leitor ao ponto de  confrontar suas próprias opiniões e preconceitos. No entanto, é importante observar que algumas partes do livro podem ser consideradas extremas para alguns leitores, o que pode gerar reações variadas.


Portanto, a obra “Eu Odeio os Homens: Um desabafo” é uma leitura que incita o debate e desafia as convenções sociais. A autora não busca consenso, mas sim provoca reflexões sobre as estruturas de poder que moldam as relações de gênero. Este livro é uma obra intensa e provocativa que certamente deixará os leitores reflexivos. Essa é uma obra que entrou para os melhores livros lidos no ano de 2023 e favoritos. 5/5


18 outubro, 2023

Resenha do Livro "Como ser um Educador Antirracista" de Bárbara Karine

 



O livro “Como Ser um Educador Antirracista”, escrito pela autora Bárbara Carine e publicado no ano 2023, tem como objetivo apresentar caminhos para educadores serem antirracista nas suas práticas pedagógicas. 

A obra começa com a apresentação da autora ao longo de sua construção performática como intelectual, apresentando como se deu o início da escrita desse livro. Desde o princípio, a autora logo deixa evidente que não apresentará algum tipo de procedimento revolucionário, mas sim apontará caminhos emancipatórios no campo da educação.

Ainda mais, a autora explica como se deu e autointitulou como "intelectual diferentona". Esse termo se deu porque Bárbara não se rendeu à perspectiva performática da produção ocidental do pensamento e por atuar no campo da "intelecpluralidade", conceito desenvolvido no seu pós-doutorado. Este conceito pauta a ruptura com o modelo único de intelectualidade imposto pela visão brancocêntrica ocidental, que prevê uma ritualística epistêmica e performática para a construção de um intelectual.

Além disso, Bárbara faz uma mini apresentação sua, mas para mais especificações do seu currículo, ela direciona o leitor a pegar o seu nome completo e pesquisar no site currículo lattes. Bárbara está mais interessada em que o leitor conheça a sua obra do que em sua formação.

Na primeira parte, denominada "Eu, professor branco, posso ser antirracista?", a autora vai abordar a pergunta que mais escuta de pessoas brancas: qual é o papel delas na luta antirracista? Nesse contexto, a autora vai apresentar o motivo pelo qual escuta essa pergunta com tanta frequência. Após isso, a filósofa começa a fazer toda uma contextualização sobre a luta dos povos negros e como todo esse processo de exploração, escravização e humilhação que os povos negros passaram e passam nos dias atuais.

Na segunda parte, denominada “Um caso de racismo na escola: como atuar?”, Bárbara Carine vai dizer que o Brasil é um país estruturalmente racista e que, nesse cenário, não há como fugir do racismo na escola. A autora ainda faz uma relação do caso de George Floyd e a descoberta do racismo com a pandemia, como a pandemia  desvelou o racismo que estava exposto, escancarado havia séculos, mas que a ignorância deliberada da branquitude a impedia de ver(Carine, 2023, p. 69).

Como também vai explicar como se deu o pacto da branquitude (um sistema de privilégio que beneficia pessoas brancas), como se deu a construção de raça, como se deu o processo de animalização das pessoas negras e a construção do mito da democracia racial. 
No final dessa parte, Bárbara vai afirmar que o antirracismo é uma luta de todos e discute o lugar de fala de cada um com um exemplo.

Bárbara apresenta um caminho de como a escola e quem a compõe deve agir quando houver um caso de racismo, visto que o racismo é um crime previsto na lei n. 7.716/1989. Além disso, Bárbara relata que nenhum crime de racismo pode ser tratado como algo pontual, apesar de a lei o classificar dessa forma (Carine, 2023, p. 72).

O que Bárbara quer dizer é que não é suficiente apenas prender quem comete o crime de racismo, mas também é essencial criar meios para fazer com que uma pessoa que cometeu o crime reflita sobre a estrutura desse caso. Essa proposta dela é a sugestão que ela apresenta para o que uma escola pode fazer.

No decorrer dessa parte, Bárbara vai discorrer duas coisas bem interessantes: a formação de educadores antirracistas e como aprender dói. Na formação de educadores antirracistas, ela inicia explicando como se deu o início dos trabalhos letivos na Escola afro-brasileira Maria Felipa e como havia um déficit muito grande na formação dos professores que faziam parte da escola.

No tema "Aprender dói", abordado no livro, Bárbara vai dizer que o aprender não é um processo trivial e que aprender dói, tanto do ponto de vista psíquico, no sentido de se apropriar do novo e reestruturar seu pensamento a partir deste, quanto do ponto de vista social.

Na terceira parte, denominada "Como pensar práticas antirracistas em sala de aula", a autora vai apresentar uma parte que provavelmente é a mais esperada pelos leitores. Os leitores podem ficar na expectativa de que a autora apresente alguma receita, mas a própria Bárbara já havia relatado no início do livro que não vai apresentar propostas revolucionárias, e sim caminhos que podem ser seguidos.

A autora vai contextualizar sobre o processo de conhecimento ocidental e de como esse conhecimento está tão enraizado nas escolas brasileiras. Ela discutirá a importância de apresentar outras histórias que não são normalmente apresentadas aos alunos. A filosofá vai destacar a importância de um desenvolvimento de um projeto pedagógico baseado em potências culturais. Esse projeto que ela cita foi o projeto implementado na sua escola, Maria Felipa, e de como a escola busca construir um sistema educacional a partir da não estereotipagem das práticas pedagógicas no âmbito da educação para as relações étnicos-raciais (Carine, 2023, p. 97).

Um dos marcos mais importantes de todos, que vai matar a curiosidade de vários gestores, professores e coordenadores de uma instituição de ensino, é saber o calendário decolonial da Escola Afro-brasileira Maria Felipa, como Bárbara e outros profissionais desenvolveram e implementaram na escola. Trata-se de uma escola diferente, que apresenta outra cultura, sem ser ocidental, apresentando aos alunos novos saberes e comemorando datas comemorativas dos seus ancestrais.

Na quarta parte, denominada "Diversidade não se constrói, se celebra", a autora vai abordar como a sociedade é centrada no homem branco e trazer a reflexão da primeira imagem do corpo humano que é vista na vida dos leitores, através dos livros didáticos da disciplina ciência/ biologia, que...
“não foi de uma mulher negra, de uma mulher, de uma pessoa trans, de um homem que fosse afeminado, de uma criança ou um idoso, de um corpo com deficiência ou de um corpo gordo, mas o que foi mostrado é o corpo de um homem branco cisgênero adulto em idade economicamente ativa, com estética de “machão”, com pênis destacado, corpo atlético e sem deficiência”(Carine, 2023, p. 118) 

A autora relaciona como essa noção de humanidade é produzida e difundida em manuais científicos que adentram as escolas básicas e formam o imaginário coletivo da população. Essa construção explica muitas das coisas que gostamos e de como também nos relacionamos com outras pessoas.

 
Ainda mais, Bárbara aborda um tema super importante que são os espaços de poder que estão reservados para alguns. A discussão se inicia com o questionamento do Brasil ser um país tão rico e existir uma diversidade cultural e existencial, mas nos espaços de poder não refletem essa pluriversalidade. Como o Brasil ainda está sob uma óptica (visão) ocidental, essa visão que nutre as estruturas de opressão.

Na quinta parte, denominada "Sou contra as cotas, pois o necessário é melhorar a escola básica", Bárbara vai discutir o que são cotas raciais, por que elas existem, qual a finalidade e por que são tão importantes para o Brasil. Ela também abordará a necessidade de políticas públicas de permanência dentro desse espaço acadêmico, pois não se trata apenas da entrada, mas dos meios que contribuem para que uma pessoa que ingressa pelo sistema de cotas possa permanecer. Isso é fundamental, uma vez que esses espaços tendem a excluir e não são inclusivos.

Portanto, na finalização do seu livro, na parte “Como ser um educador antirracista”, que retoma o título do livro, a autora vai apresentar caminhos que os educadores podem seguir. Bárbara vai concluir a escrita desse  maravilhoso livro, que coincidentemente estou terminando no mesmo dia, 15 de Outubro, Dia dos Professores e das Professoras. A última mensagem do livro foi uma das mais especiais para mim, como estudante e futuro professor. Como Bárbara já diz em seu livro, sejamos doadores de memórias e que
(...) possamos assumir com afeto o compromisso de sermos “doadores de memórias” que socializam os conhecimentos sistemáticos historicamente desenvolvidos pelo coletivo para as novas gerações, visando a formação humana desses sujeitos, mas que compreendem de maneira fundamental o papel crucial da nossa profissão na construção de uma sociedade mais justa igualitária. (Carine, 2023, p. 149).     

Caro leitor, este livro é uma obra das divindades, uma escrita muito agradável de ler e que você consegue terminar em um dia só. No entanto, quero dizer e pedir que não cometa o ato de lê-lo em um dia só, principalmente se você está no início do seu aprendizado sobre questões raciais, como eu. Este livro aborda muitos temas, e quando digo isso, é porque são muitos mesmo. Parece que a autora, Bárbara, estava bem eufórica quando estava escrevendo, já que ela despejou uma grande quantidade de informações valiosas de questionamentos ou reflexão. É necessário um pouco de calma para lê-lo.

Bárbara foi bem objetiva no que queria transmitir, sem enrolações, o que me deixa extremamente feliz quando um autor faz isso. A nota que eu dou para este livro é 5/5, e informo que ele entrou para a minha lista dos melhores livros da vida, que recomendo a todos. Além disso, ele serve como um ótimo presente, caso você tenha dúvidas sobre o que dar para seu amigo ou amiga.


Ainda quero dizer que conheci Bárbara Carine no Instagram de uma forma bem aleatória. Seu posicionamento, sua forma de falar e, agora, sua escrita me encantaram muito. Ainda estou no início de entendimento desse mundo, buscando constantemente aprimorar meu conhecimento sobre questões raciais e começando a questionar e compreender muitas coisas. 

Tive uma oportunidade incrível de conhecer a Bárbara pessoalmente. Ela foi a primeira escritora que admiro muito a encontrar pessoalmente, e esse momento foi gratificante e maravilhoso. Enquanto ela autografava o meu livro, fiquei emocionado e com uma vontade enorme de chorar. Bem, não sei o motivo, e espero que ela não tenha percebido isso no dia ksksksks

Espero ouvir a opiniões de vocês também para fazer troca de informações.


OBS: Quero deixar claro que esse tipo de escrita não segue um padrão de uma resenha acadêmica. Escrevo com o objetivo de, no futuro, ler isso e verificar o quanto a minha escrita evoluiu. Além disso, escrevo para que mais pessoas tenham a oportunidade de conhecer esses livros. Quando houver dúvidas entre lê-los ou não lê-los, espero que minha resenha possa ajudar.

03 agosto, 2023

RESENHA DO LIVRO "QUINZE DIAS"



O livro “Quinze Dias”, escrito pelo autor Vitor Martins e publicado no ano de 2017, relata os pensamentos, desejos, sentimentos, vulnerabilidade de Felipe e suas relações com sua mãe como também com seu vizinho, Caio, no qual se tem uma paixão platônica. 
Felipe, personagem principal, já inicia o livro se auto afirmando como gay e gordo e na minha visão o autor escreve isso já de início trazendo uma quebra de expectativa, já que normalmente livros LGBTQ+ é sempre trazendo características dos personagens de uma forma padronizada. 

A narrativa se constrói com a ansiedade de Felipe desejando pelas suas tão sonhadas férias de julho, período esse que vai descansar, como também passar bastante tempo realizando os seus hobbies, mas o que ele não esperava era que iria hospedar o seu vizinho do 57, vizinho esse que está presente na vida de Felipe desde a sua infância.  

Durante esse período Felipe vai viver momento que não esperava, momentos esses que foram aproveitados com muita intensidade e com prazer. A relação do medo sendo desconstruída por Felipe e Caio, relacionamento de amizade sendo fortalecido e fatos sendo justificados. 

O livro é dividido em 15 dias e cada dia narra o dia de Felipe com os seus pensamentos, como o de Caio e a sua mãe Rita. Acredito que esses quinze dias foram de grande transformações na vida de Caio e Felipe, principalmente para Felipe já que o foco central está sobre a sua vida. 

Uma das coisas que me fez refletir muito e ficar pensando muito no livro é sobre a construção e padronização estética do corpo humano, principalmente na comunidade. Eu não tenho palavras suficientes para descrever o quão perfeito foi o autor Vitor Martins nessa trajetória. Até mesmo Felipe que se identifica como um pessoa gorda tem suas expectativas e pensamentos quebrados quando conhece a melhor amiga do Caio, Beca, que é uma mulher gorda, esse momento foi genial e a construção da personagem foi muito boa.  

Felipe vai entender que Beca  e sua namorada Melissa,  ambas enfrentam dificuldades semelhantes com a dele em relação ao corpo. No caso da Mel, que é magra, o Felipe acha meio estranho ela ser tão insegura com o próprio corpo porque ela é magra mesmo, mas é aí que ele fica surpreso ao descobrir mais sobre os medos das garotas. Esse momento da piscina ele traz a insegurança dos personagens, isso é bem semelhante com a realidade das pessoas brasileiras quando vão para à praia ou piscina e suas inseguranças se prevalecem ao ponto de evitar vestir determinados tipos de roupas que deixa o seu corpo mais exposto ou mesmo de evitar a ir esse lugares 

A troca de experiências que Felipe teve com Caio, Beca e Melissa fortaleceu muito bem o seu desenvolvimento. Quebrando muito com o pensamento do Felipe, visto que é um ser que por sofrer bullying na escola e diante disso reprimiu os seus sentimentos, se isolou e sofre com o processo de auto aceitação vai mudar muita coisa.

Outra parte crucial da história é a relação de Felipe e sua mãe Rita, acho muito bonito como se dá essa relação. A mãe de Felipe é um amor de pessoa, é tão significante como ela apoia e incentiva ele. Bem que deveria existir mais mães assim no Brasil e como muita coisa seria diferente. 

Logo, o livro vai abordar diversos assuntos como gordofobia, homofobia, bullying, auto aceitação e a importância da terapia. O autor foi muito extraordinário a escrever esse livro de uma forma tão leve e sutil. A forma como foram construídos os personagens e as narrativas me surpreenderam demais, algo sem muita enrolação e sem pular nenhuma etapa, isso é prazeroso demais para um leitor.

Ademais, o livro é curto e o leitor no instante termina ele, mas eu quis degustar o livro de uma forma devagar e viver esse momento maravilhoso. O que me fez gostar muito desse livro foi por ele ser brasileiro, retratar a situação brasileira e não ser mais um livro padrão de romance gay utópico. Já que normalmente livro desse gênero a construção das narrativas sempre são as mesmas e só mudam o cenário e os personagens, pois no desfecho ou no final do livro o leitor já consegue ter noção de como vai ser. 





06 julho, 2023

O QUE O CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS VEM ME PROPORCIONANDO


No post de hoje vou fazer um breve resumo da minha situação como estudante e o que o curso de ciências sociais vem me proporcionando até agora.

  

Atualmente, sou estudante de ciências sociais na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, entrei na segunda entrada do ano de 2022.2 e me encontro no 2° período. Antes que qualquer pessoa me pergunte do porquê já estou no 2° período, o motivo é que o calendário acadêmico da UFPE ainda se encontra desregulado por conta da pandemia e diante disso, estamos com períodos mais curtos. 


O curso de ciências sociais quebrou e vem quebrando muitos conceitos e achismos que eu tinha em relação ao mundo, até mesmo no eu, modo subjetivo. Traz diferentes concepções e generalização de um determinado problema ou conceito. A cada aula e o conhecimento que venho adquirindo me faz refletir durante os dias e me questionar de como eu não tinha pensado daquela forma ou não percebido. 


O curso conta com uma carga extensa de leitura e as aulas às vezes se tornam densas por conta do que estamos discutindo, pois além do professor expor e simplificar para que possamos entender o conteúdo ainda contamos com o conhecimento e experiências de nós, alunos. 


Ainda mais, o curso me proporciona a conhecer diversas áreas já que o meu curso engloba a educação, social(sociológico), antropologia e o político. Um dos pontos positivos de estudar ciências sociais é lidar com uma diversidade de pessoas já que ao estudar na cidade universitária eu consigo trocar experiências e conhecimento com diversos alunos de outros cursos. O curso faz eu lidar com minha parte humana e desenvolver habilidades de empatia, compreensão e interpretação. 


Durante esses dois períodos, as cadeiras estão trilhando muito pelo caminho do conceito de raça, gênero e classe, vulgo a interseccionalidade. Conceitos esses que durante o ensino básico ou mesmo no curso de direito eu não tive contato e o quão absurdo e confrontador para mim está sendo e ao mesmo tempo maravilhoso. Ainda percebo que muito conhecimento que deveria estar no dia a dia da população está muito restrito e limitado dentro da universidade.


Neste 2° período estou pagando uma cadeira, metodologia das ciências sociais, e a cada leitura e aula essa cadeira vem me deixando intrigado, confuso, questionando e surpreso de como um determinado assunto ele tem várias versões e contada por diversas pessoas que durante o tempo elas não foram mencionadas ou não teve tanto reconhecimento. Um dos assuntos que foi nos apresentado foi que: o que conhecemos e de como idealizado eles são nas escolas como a Revolução Francesa não é tão bonitinho como é exposto no ensino básico (ensino fundamental II e ensino médio).


Ademais, o curso de ciências sociais abriu minha visão para muitos assuntos e me faz a cada dia mais a questionar o que é “tradicional” e o que não é. Estudar ciências sociais é deixar um pouco de lado o que eu conheço sobre determinada coisa para analisar algum fenômeno para depois interpretar. Uma coisa que vem caminhando muito comigo durante esse período é a dualidade das coisas, um fato sempre tem duas versões. Espero que vocês tenham gostado desse relato e me acompanhem para mais..


Entre ser e não ser: Homem com H

  Caro leitor(a),       Faz bastante tempo que não escrevo, devido à correria e ao cansaço que venho sentindo ultimamente.No relato de hoje,...